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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

O mal-estar paulista

Carlos U Pozzobon

O povo paulista tem todos os motivos para se sentir traído com os resultados eleitorais, ao verificar que com quase 7 milhões de votos de vantagem para Aécio Neves no estado de SP, os paulistas perderam uma eleição que, bem computada, foi decidida pelo voto dos bolsistas espalhados por todo o país, embora sua concentração seja maior no nordeste.

Não se pode admitir que o estado mais desenvolvido da nação, onde a expectativa de progresso é a força motriz da sociedade, tenha seus objetivos frustrados por uma parte da população que, alijada do processo produtivo e amparada pelas provisoriedades assistenciais, tenha adquirido o 'direito' de representar a opinião pública do país.

Não se trata apenas de uma fraude no cômputo dos votos, de violação de urnas e de tantos exemplos que aparecem em clipes todos os dias. Trata-se de uma falácia no processo eleitoral que seleciona os eleitores, atribuindo direitos de cidadania a pessoas sem a independência necessária para se considerarem cidadãs.

A maior fraude que cala fundo no sentimento paulista foi a hipertrofia da democracia, em que o voto dos setores ativos da nação foi subtraído pelo voto dos setores passivos, os dependentes do estado. Como se sabe, a democracia não foi um acidente de percurso na história da humanidade. A forma mais fácil de compreendê-la é entender que é um regime em que a sociedade elege seus governantes na expectativa da melhor gestão do estado. Supor que aqueles que são sustentados pelos que financiam o estado têm o direito de decidir sobre o que o estado lhes repassa, é o mesmo que aceitar que o chantagista seja inocente em um processo de extorsão.

A inquietação que se originou do abismo entre a esmagadora vitória paulistana de Aécio e a derrota no cômputo geral não permite mais o sossego de tantos quantos lutam por uma pátria livre da corrupção e da bandalheira institucionalizada. E não há possibilidade de aceitar moralmente uma eleição que foi fraudada em sua probidade ética, quando cidadãos alienados do convívio da federação, excluídos da vida produtiva e arregimentados em currais eleitorais possam ser os eleitores cativos que decidam os mandatários do país. Nos anos 60, não se falava em reforma política, porém em reforma eleitoral. E quando se falava em reforma eleitoral, a questão que se colocava nas colunas dos jornais é que ela deveria começar pela reforma do eleitorado. Não começou nunca. Todas as tentativas de selecionar o eleitor viraram letra morta na prática populista que infestaram os costumes políticos.

Ao contrário do ordenamento jurídico, para o sistema eleitoral, o retirante, o andarilho, o sem teto, o sem terra, o índio ou o presidiário são considerados cidadãos aptos e capazes. O voto obrigatório torna cidadão o assassino, o estuprador, o larápio e o delinquente. Um cidadão honesto e responsável tem seu voto anulado por um marginal. E juntamente com os despossuídos, os olvidados, os que perderam o lugar no penoso processo de progredir é que se tornam os capacitados para fazer parte da mais importante decisão da República: a eleição de seus mandatários. Logo, a política foi obrigada a incorporar o discurso daqueles que são capazes de fazer a coleta miúda desses votos, e o varejo político é sempre o reflexo do modelo eleitoral, e não poderia ser outra realidade que a supremacia da demagogia, do toma lá dá cá, das malas de dinheiro cruzando de um lado para outro como moedas correntes do estelionato eleitoral.

Não existe outro nome para o terrorismo político consubstanciado em ameaças de perda dos benefícios do bolsa família que não se classifique como estelionato eleitoral. E foi o que aconteceu em todos os quadrantes onde o bolsa família tinha uma concentração urbana considerável.

Os paulistas, pela enormidade dos votos dados a Aécio têm, a partir deste momento, a autoridade para comandar a reação ao estelionato eleitoral e buscar cada vez mais adesão a causa que aglutinou a oposição até aqui: o FORA PT. Os fatos econômicos, as tentativas de amordaçar o que resta da democracia, já são o suficiente para a ignição do ânimo popular no estado inflamado em que se encontra a sociedade com o resultado qualitativo das eleições. A qualquer momento, as multidões nas ruas vão mostrar que eleições não se legitimam com a anuência dos grotões chantageados pelo governo cujo ativismo político não se sustenta mais sem um exército mercenário agindo descaradamente. E o desgaste resultante haverá de provocar as rachaduras no bloco aliado a ponto de implodir o governo. A oposição das redes sociais não se cansa nunca. Ela faz da crítica a sua arma favorita. E não dará sossego ao governo, pois já sabe que o fracasso deste mandato será seu indetível destino.


sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Procura-se um Partido de Oposição

Carlos U Pozzobon

Conforme anunciei em julho pp., no artigo A Ingenuidade da Oposição, minhas opiniões se confirmaram. Serra perdeu as eleições, mas poderia ter ganho não fosse a estratégia míope do PSDB e de seus marqueteiros.
Em julho eu dizia que a única forma de derrotar o PT era uma campanha com alto poder de emocionar as massas. Isso não tem nada demais. A emoção tem sido a estratégia de Lula para chegar ao Poder e o tom do discurso de todo o PT para se eleger. O PSDB não entendeu o tipo de adversário que possui. Sem uma campanha trepidante, e sem motivar as massas não chegaria à vitoria. Para Lula, o pouco que fez não tem efeito prático: o que importa é sempre a desforra sobre o adversário, ainda mais que FHC não parece ter a noção da agressividade necessária para o tipo de adversário, de não deixar passar em branco nenhuma mentira que lhe é atribuída estrategicamente. Comporta-se como alguém que se preocupa mais com o que dirão os acadêmicos do que o que possam falar “os baixos instintos” da militância adversária.

Emocionar as massas é dar a elas coesão e motivação para derrotar um governo e um partido que não apresentam propostas de transformação social, ao contrário, transformam o Brasil num país primitivo, atrasado, velhaco, eleitoreiro, fisiologista, corrupto e sem educação, em que todas as pessoas sensíveis e ilustradas se sentem constrangidas de serem representadas por alguém que as envergonha com a falta de polidez no trato e conteúdo no falar, obrigando-as a se distanciar e se isolar ruborizadas com uma postura que confunde pseudo-informalidade com ignorância e desfaçatez, a menos do indefectível conjunto amorfo de bajuladores e interesseiros.

Uma campanha contra um partido tão detestado por sua conduta anti-intelectual, por suas grosserias vulgares e por sua tibieza moral, mereceria uma estratégia centrada em São Paulo servindo como exemplo de irradiação para todo o país. Mas nada disso foi feito.

O erro de Serra perdurou ao longo de toda a campanha. E examinando mais detidamente, não faz parte de sua conduta individual, mas parece ser o comportamento de todo o PSDB. Os problemas vão da agenda de campanha ao tipo de discussão.

Primeiro, a ideia errada do PSDB de dar prioridade ao que chamam de agenda positiva. As propostas de governo são importantes, mas no confronto de candidatos, o PSDB deve dar mais prioridade às criticas ao governo do que às propostas de gestão. Agenda positiva é assunto para países com uma organização social bem estruturada. Para países com um caos social como o Brasil, a força eleitoral nasce da crítica implacável ao governo. Foi assim que o PT forjou sua base eleitoral em 20 anos.


Verificamos que a força do PT está na sua atitude crítica, e sua fragilidade está nos programas de governo, que não passam de generalidades mal concebidas e de um regresso ao estatismo do regime militar. O que revela que seu propósito maior está mais em ganhar as eleições, destruindo adversários, do que em construir uma agenda positiva para o Brasil.

Agenda positiva deveria ser proposta a uma audiência educada, e a campanha de Serra esteve mais para o contexto da Suécia do que do Brasil. Portanto, agenda positiva depende do contexto social: é necessária para pessoas instruídas, mas não emociona aqueles a quem o regime coloca na servidão dos meios de existência. E o rumo dos acontecimentos mostrava escandalosamente que somente uma alta dose emocional iria virar a mesa.

Em segundo lugar, o conceito de carisma. As pessoas pensam que carisma é uma espécie de essência ou flagrância da personalidade humana associada à empatia do discurso. Enganam-se: carisma é aquilo que uma pessoa apresenta no discurso quando critica uma situação ou os outros com as palavras que gostaríamos de dizer, mas que entretanto ainda não formulamos. O carisma funciona como uma transferência da nossa personalidade para a do líder, que pode ser tanto um político como um escritor ou apresentador de TV.

Políticos carismáticos possuem alta dose de ironia, capacidade inata para trocadilhos, uma “presença de espírito” para expressar ideias com metáforas simples e contundentes, para escrachar os inimigos e pulverizar as opiniões dos adversários. Nada disso emanou de Serra. Ele não sabe rir, não sabe satirizar, não consegue ser irônico. Seu tom é de professor em sala de aula, e isso é fatal para uma audiência como a brasileira que cultiva a piada do dia e abriga na alma uma inclinação natural para a irreverência.

Uma questão da velha política brasileira, defendida por Carlos Lacerda, era a do político “bom de voto”. Juscelino estava sempre sorrindo, era uma simpatia ambulante, independente de sua política. Lacerda tinha um grande charme e uma verve dificilmente igualada por qualquer outro político brasileiro. Serra não tem nada disso. Parece uma pessoa pálida, sem graça, mortificada por pensamentos sombrios.


Considere um assunto, por exemplo, o da educação. Serra centralizou o assunto em si mesmo, isto é, em sua gestão, e isso significou a perda de oportunidade de criticar o governo. Serra procurou mostrar os dados positivos do seu governo em SP. Consumiu seu tempo com isso. Mas os baixos índices de aproveitamento escolar não estão relacionados com um sindicato de professores comandado por militantes do partido adversário, e em cujas greves políticas os alunos ficaram prejudicados? Não são esses professores que estão destruindo consciências ao se oporem abertamente aos critérios de meritocracia, instituídos por Serra, na concessão de benefícios aos seus pares? Acaso o partido adversário não tem responsabilidade pelo caos no magistério?

Considere a decomposição intelectual de cursos patrocinados pelo governo federal, como o de Astrologia na Universidade de Brasília, ou seu Núcleo de Estudos Paranormais, que entre outras matérias se dedica ao estudo da Ufologia e da Cientologia, Teologia Ubandista, e assim por diante. Talvez Serra tenha evitado criticar esses descalabros para não ser acusado de patrocinar o curso de Consciência Negra introduzido na USP – uma bobagem sem tamanho, que nem merece consideração de pessoas instruídas.

E as cotas? Por que não se posicionar? Acaso ignorar questões que possam causar controvérsias e até reações contrárias vão melhorar seu desempenho eleitoral? A estratégia de não tocar em assuntos polêmicos equivale a de não ganhar adeptos. O resultado foi o previsto.

O vazamento de informações da conta bancária de sua filha não foi capitalizado em vantagem política porque Serra e o PSDB se opuseram a assumir uma liderança que estava mais além da disputa eleitoral. Era para convocar as massas para um comício no Ibirapuera, no início de setembro, sob a palavra de ordem que envolvesse todos os brasileiros sob ameaça de chantagem e violação de privacidade pelo aparelhamento petista na Receita Federal. Era o momento para Serra se despojar de sua postura de candidato e assumir o papel de líder popular. Era a virada necessária para atrair a classe média para as salvaguardas de privacidade e respeitabilidade vilipendiadas pelo governo federal. O que falar no discurso? Bastava apresentar um saldo bancário e dizer que doravante todos os brasileiros teriam suas contas bancárias devassadas. Simples como isso. E naturalmente perguntar: você gostaria que os outros soubessem que você comprou ontem uma... deixo aos marqueteiros a conclusão dessa frase.


Mas o fato mais dramático da campanha foram os desdobramentos com as denúncias envolvendo a corrupção na Casa Civil. Agora era para levar novamente as massas para o parque Ibirapuera em SP e redobrar os ataques a um governo cuja concussão está no próprio gabinete presidencial. Era uma radicalização necessária e imprescindível, sem a qual não haveria a possibilidade da vitória. Tratando o assunto com protestos, mas sem mobilização, dificilmente atingiria o efeito midiático necessário à virada eleitoral. E vimos o episódio acabar com mais uma oportunidade perdida. O comedimento do PSDB, certamente aterrorizado com a possibilidade de que o processo eleitoral nos levasse a uma guerra civil como na Espanha de 1936, mostra que não sabe lidar com o totalitarismo incipiente.

FHC deve estar arrependidíssimo de não ter encorajado o impeachment de Lula em 2005, quando da explosão do mensalão. De lá para cá, a desfaçatez atingiu proporções nunca antes igualada na história republicana. O que nos permite concluir que o PSDB não é um partido político disposto a assumir os riscos que a política impõe àqueles que se aventuram a abraçá-la sem vacilações nos princípios do decoro.

A primeira reunião no Largo do São Francisco, ocorrida para manifestar repúdio à tentativa de censura à mídia, tinha que ter a presença de Serra, mesmo não sendo convidado. Era para chegar e discursar em qualquer circunstância, para capitalizar a liderança contra o golpe na imprensa livre. E com palanque. A imprensa iria repercutir como mais um fato a favor da liberdade e da oposição. Mas não foi isso que aconteceu. Por falta de senso tático não havia a presença do PSDB no palanque. O terceiro erro garrafal.

A segunda reunião, ocorrida sexta-feira 29/10, forçada por insistentes pedidos dos participantes do portal Proposta Serra, não havia palanque nem organização. Foi uma manifestação espontânea de última hora para apoio à sua candidatura com a presença de Alckmin, e parece de FHC, mas sem qualquer preparação e organização eficazes. Isso por si só consolida a ideia de que a campanha não tinha uma trajetória voltada para a mobilização das massas.

Repito que não haverá deposição do PT do governo se a oposição não assumir o papel de radicalizar o processo de defesa da democracia. Infelizmente é esse o único caminho existente para as mudanças. E por radicalização entendo a criação de comitês de amplo movimento nacional contra a ameaça de uma ditadura civil. Precisamos nos convencer de que o PT vestiu o modelo da ditadura, isto é, o PT representa hoje a ditadura do passado. E não se destitui um movimento que tem a capacidade de criar um exército de movimentos sociais mercenários sem um chamado ao patriotismo e à coragem.


Em 2009, os movimentos do PT em favor da cooptação de banqueiros (aumentando de lambuja os juros, sem qualquer justificativa), e de cooptação do empresariado (fornecendo empréstimos do BNDES a juros subsidiados por uma taxa 4% mais cara aos cofres públicos), exigia postura enérgica da oposição contra o estelionato eleitoral e um requerimento imediato do STF para forçar o BNDES a divulgar os beneficiados pela tramóia. Não foi isso o que aconteceu. O PSDB se manteve dentro de uma cautela onde o jogo político terminou voltado para os interesses regionais.

Há também o fiasco das eleições para Senador em São Paulo. A negociação com Orestes Quércia, um candidato apoiando Serra, como dissidência do PMDB de Temer, foi totalmente inútil. Sabendo que a composição do Senado pode levar ao perigo de uma guinada totalitária na próxima legislatura, o PSDB se entregou a um jogo medíocre em vez de conchavar um rompimento do DEM, e este apresentar candidatura própria, como a de Afif Domingos, possibilitando uma dupla de senadores PSDB-DEM. Não foi o que aconteceu e a oposição ficou com uma só opção para o Senado em uma eleição de 2 votos. Existe atrapalhação maior?

Outra questão que levou Serra a perder votos foi o problema do pré-sal. Desde 2009 venho advertindo para a questão do pré-sal como um novo marco econômico para o país (veja os artigos "Adeus pré-sal" e "Maus presságios para o pré-sal" neste blog). O pré-sal deveria representar para as lideranças oposicionistas o descortinar de um novo momento na sociedade brasileira, como foram o ciclo da cana-de-açúcar, mineração de ouro, café, pecuária, soja, todas exemplares na formação do Brasil. O pré-sal exigia visão estratégica de um novo ciclo de desenvolvimento, com o país sendo visto e pensado como uma potência petrolífera exportadora. Infelizmente nada disso aconteceu. Afinal, se a atividade petroquímica pulou de 2% para 12% do PIB em uma década, era para se dar uma atenção especial.

O governo Lula cometeu tantas tropelias com a distribuição dos royalties que qualquer pessoa sensível podia perceber estar aí uma oportunidade para pulverizar a lógica do governo. Desde 2007, quando a questão do pré-sal foi colocada na sociedade brasileira, os partidos de oposição não foram capazes de criar um programa estratégico para o pré-sal que consubstanciasse a direção do Brasil em país exportador de petróleo e produtos petroquímicos, com a gasolina a 1 real (e alguns centavos) nos postos, algo perfeitamente factível, como tínhamos antes da crise do petróleo de 1973. Era essa a proposta de sensibilizaria as massas para uma grande guinada eleitoral.


E a capitalização da Petrobras então nem se fala. Silenciando sobre uma fraude de 5 bilhões de barris que se leiloados no mercado privado atingiriam cifras acima de 100 bilhões de dólares, Serra preferiu não enfrentar o terrorismo da privatização e, mudando a estratégia, acusou o PT de privatização, mostrando que a ANP no governo Lula teria leiloado mais áreas do pré-sal do que FHC. Com isso, pretendia neutralizar o discurso petista de estatização.

Foi mais um erro garrafal. Ora, o PT, desprovido de capacidade intelectual para perceber o pré-sal como um trampolim para uma nova fase de desenvolvimento do Brasil, a menos da proposta de lesa-pátria do modelo de partilha – em que a Petrobras passa a definir o quanto vai gastar em cada poço para só depois dar satisfação ao governo –, poderia ficar acuado com a promessa de o Brasil exportar 5 milhões de barris/dia de óleo, e equivalentes de gasolina e produtos petroquímicos, o que exigiria a triplicação de nossas plantas petroquímicas e refinarias. Isso permitiria oferecer aos brasileiros uma gasolina a preço de banana na bomba, mostrando que quanto maior o número de empresas envolvidas no petróleo melhor para o Tesouro, pois criaria uma arrecadação excedente permitindo uma reforma tributária que enriqueceria a nação.

Ao contrário, a campanha de Serra partiu para encurralar Dilma mostrando que 108 empresas petrolíferas privadas (e algumas estrangeiras) teriam se instalado no Brasil à custa do governo Lula. Convenhamos! Não é possível que semelhante burrice possa se originar no ‘intelectualizado’ PSDB. Este não é um argumento sério. As empresas privadas são resultado do novo marco regulatório do petróleo instituído por FHC. Foram estas empresas que, nos últimos anos, permitiram o pulo de 10% em nosso PIB só com a contribuição do petróleo.

Ao adotar um tom nacionalista retrógrado, Serra desvalorizou o próprio legado e colocou contra si empresas que poderiam estar a seu favor. Na verdade, o governo Lula simplesmente deixou o carro correr porque governa o país na ‘banguela’, com os frutos do esforço hercúleo dado lá atrás com as reformas incompletas de FHC. Os governistas gostam do Estado porque não precisam coçar a cabeça criando soluções baseadas na produção e no desenvolvimento econômico – teoria que desprezam e negligenciam. Qualquer pessoa minimamente instruída sabe que Lula se comporta na direção do caminhão Brasil, conforme o plano inclinado da economia mundial, e se refestela de faceiro dirigindo um veículo no declive asiático sem saber onde fica o acelerador. Mas como um amador na direção do caminhão Brasil aproveita o embalo até a próxima subida, preparado para criticar Deus e o Diabo quando o veículo parar por desconhecimento da máquina que dirige.


Incapaz de pensar no futuro de reservas bilionárias em petróleo, Serra voltou-se para o passado e tratou de evitar o terrorismo da privatização da Petrobras impingido a Alckmin em 2006: novamente evitando riscos, comprometeu a vitória. Serra tinha obrigação de mostrar aos aliados de Dilma sua natureza crua e nua, isto é, disparar contra os adversários com as mesmas armas disparadas contra ele.

Por que não mobilizar a aterrorizada classe de agricultores com as imagens de destruição das fazendas pelo MST? Em política, existem atos que não podem passar em branco, sob pena de cumplicidade e acobertamento. Não mostrar na TV as inúmeras cenas de vandalismo praticadas pelos aliados de Dilma em todo o país significa ignorar que nosso campo vive em situação de intimidação, de medo e terror de que uma denúncia qualquer possa significar a perdição de famílias inteiras, na destruição de um esforço de gerações na labuta da terra em favor de uma massa de saqueadores mercenários comandada por líderes terroristas. E não será essa insegurança rural que vai acabar se estendendo para as cidades atingindo todos os cidadãos deste país?

Por que Serra não apareceu na TV em plena Carajás para defender a privatização de uma empresa que se decuplicou em valor em dez anos? Por que não falar dos telefones de 4 mil dólares do passado para custo zero dos dias atuais? Por que Serra não apareceu na TV assumindo a paternidade e segurando uma nota de 1 real? Por que Serra não apareceu na TV ao lado de um avião da Embraer? Por que Serra evitou mostrar que São Paulo é a locomotiva da nação, e que somente em São Paulo existe um museu de ciências chamado Catavento que ele mesmo criou, um museu do futebol, um museu da língua portuguesa, e tantas outras coisas negligenciadas em sua campanha eleitoral? Com a abordagem inadequada dos temas sociais dos últimos anos, como a recriação da Telebras, as invasões de terra, o PNDH3, as cotas raciais que já citei, vivenciamos uma campanha política em que o discurso dos candidatos não bate com a realidade social.

Por isso, o balanço das eleições de 2010 está muito longe de ser fechado, e talvez tenha consequências e desdobramentos que vão bater em 2014. José Serra deveria ter mais autocrítica para reconhecer que foi com ele que em 2002 Lula assumiu a presidência. Considerando que Dilma Rousseff é uma candidata que todo político esperto pediu a Deus para bombardear, já que seu perfil também não é de política, e seu discurso não contém o kit mínimo indispensável à sobrevivência, pois, tal como Serra, não tem ironia nem mordacidade, o que fez de Dilma uma vencedora foi a fraqueza política de Serra e não atributos políticos inatos de Dilma. Ela venceu as eleições sem nunca ter sido candidata, e isto significa que o nosso sistema político prescinde do próprio candidato. Isso por si só já é um sinal alarmante de que não estamos numa democracia, mas em alguma outra coisa que não sabemos, mas que entretanto fizemos questão de fingir que é democracia. Uma candidata que não se elege com atributos pessoais, mas com uma estrutura suprapartidária sinaliza crise à frente.


Com um discursinho desmilinguido, Marina Silva conseguiu quase 20% dos votos. Não era uma lição para Serra perceber o erro em que tinha se metido? Com razão se dizia que Dilma não estava preparada para a presidência da República. Isso ela demonstrou nos primeiros dias de campanha, quando se viu que era uma pessoa cujo perfil era o de ser comandada e não o de comandar.

Mas esse é também o perfil de Lula. Não existe ninguém mais desprovido de condições de comando do que Lula. A menos para os bajuladores de plantão e os batedores de palmas de auditório. O que demonstra que o problema da capacidade de comandar nunca esteve em julgamento no pós-ditadura. Isto significa que uma geração inteira de brasileiros sequer entende o que significa política além de foguetórios e louvações. E nos dois casos, Serra foi o escolhido para dar combate a este embuste que renegou todas as reformas e silenciou em todas as mudanças sociais que o Brasil gritava 2 décadas atrás. E perdeu. Perdeu pelo silêncio e pela omissão. Perdeu pelo esquecimento e pela desconsideração com os próprios avanços que protagonizou.

O que ficou claro é que o Brasil precisa de um partido de oposição. Ou melhor, de um movimento apartidário de oposição. Um movimento que seja capaz de reunir intelectuais, de escrever um programa de reformas que o Brasil precisa, e que se disponha a arregimentar simpatizantes em todo o país. Em 2010 a coligação Brasil Pode Mais mostrou eleitoralmente que não pode nada porque não entendeu o Brasil. Está na hora de os brasileiros se darem conta de que precisam de um movimento político que seja efetivamente de oposição, e de preparar um candidato com a sorte de ter para seu adversário alguém tão insípido e mau político quanto José Serra, e tão desastrado quanto o PSDB e seus marqueteiros.

terça-feira, 27 de julho de 2010

A ingenuidade da oposição

Carlos U Pozzobon

Sendo a liberdade uma questão de grau, o enorme perigo para aqueles a quem a experiência não imunizou é a suavidade da transição que leva à servidão” (KOESTLER, Arthur. O Iogue e o Comissário. Ed. Instituto Progresso Editorial, 1947, pg. 164).


Em 1946 ninguém acreditava que Getúlio se elegeria senador na Constituinte do governo Dutra, exatamente 3 meses depois de ter sido deposto pelos militares. Naquela época, as eleições para o senado não eram federalizadas como agora, e Getúlio foi eleito até mesmo com os votos dos paulistas. Novamente em 1950, com alianças entre PSD, PTB, sindicatos e comunistas, Getúlio voltou ao Catete com grande diferença sobre Eduardo Gomes, o então candidato da oposição.

Em todo o Brasil as elites intelectuais se perguntavam: como é possível que o povo vote em seu próprio carrasco? Agora o Brasil oposicionista repete perplexo a mesma pergunta: como é possível Dilma ter tantos votos se é seguidora de um governo fraco, conivente, aliado às piores oligarquias políticas, com uma equipe incapaz de deter a avalanche de gastos do setor público e, ao mesmo tempo, comprometida com escândalos de corrupção?

O fator Getúlio deve ser analisado detidamente porque não se enquadra dentro da lógica do julgamento pelo modelo de gestão. Ora, o povo tem 2 medidas: ou julga pelas propostas (quando o partido nunca esteve no governo) ou julga pela gestão. Mas como explicar que uma má gestão gere tantos votos a favor? Eis aí onde entra a ingenuidade da oposição.

Os analistas políticos, os marqueteiros de ocasião e os jornalistas de plantão desconhecem um fato elementar em toda a eleição: existe um voto emocional que não é trabalhável pela lógica dos argumentos porque não se enquadra dentro da razão humana. Evidentemente que as emoções estão dos dois lados do eleitorado: tanto naqueles que repudiam visceralmente o PT como também naqueles que seguem seus candidatos em qualquer circunstância.

Uma gestão fracassada do ponto de vista do desenvolvimento econômico e social (como foi a de Getúlio) não quer dizer que não mantenha um enorme eleitorado disposto a votar, mesmo que as condições de gestão tenham sido muito piores do que efetivamente foram. A causa disso está na dependência dos “explorados” de seus “exploradores,” na velha equação de que “o Estado degrada para depois salvar”. Esta lei é uma especialidade das seculares oligarquias nordestinas, que sabem mais do que nós como uma boa esmola comove os corações. E não é muito difícil de controlar vastos currais eleitorais quando se tem uma rede de organizações civis que foram tornadas agentes do processo eleitoral, funcionando como linhas auxiliares dos partidos. Com isso, estou querendo dizer que enquanto a aliança PSDB, DEM, PTB e PPS dispõe apenas da organização partidária para uma eleição, o PT tem aliados que não fazem parte dos partidos políticos. Eis aí onde reside sua força.


Se não estou enganado, o PT não é um partido democrático no sentido convencional do pluralismo político de uma democracia representativa baseada na alternância, mas um partido de inspiração revolucionária cujo objetivo é tomar o poder sem luta armada, com uma progressão paulatina de mudanças que lhe garantam a remoção de obstáculos sociais em todos os campos, aprofundando sua dominação com os compromissos garantidos por privilégios que a oligarquia estatal sempre distribuiu aos seus apaniguados. Em última análise, sua estratégia é capturar a iniciativa oligárquica do nosso perpétuo estatismo e remover todos os obstáculos à garantia do poder. Este caminho está mais adiantado na Venezuela e nada nos impede de usá-lo como modelo, até porque ninguém no PT critica Hugo Chaves, o que nos permite concluir que — por um efeito Orloff — o Brasil será amanhã o que a Venezuela é hoje: um país em franca decomposição de sua base produtiva e de suas liberdades civis.

Esta não é uma estratégia clara com objetivos definidos – como pensam muitos intelectuais da oposição. É, antes de tudo, um conjunto de táticas que surge empiricamente no processo político e que vai se aprofundando à medida que aumenta a resistência. Às vezes recua, para voltar depois com mais força. Às vezes consegue, outras vezes muda de direção e volta a atacar no mesmo ponto: esta é a nova face do eleitoralismo brasileiro, cujas bases são uma enorme ramificação de organizações sociais dependentes do dinheiro público e comprometidas com seu voto.

Não é à toa que a reforma agrária já não engana mais ninguém: apenas se mantém a pressão dos sem-terra para drenar os recursos públicos necessários à agitação social – fator indispensável na tática revolucionária que visa manter os ânimos aguçados pelo discurso contra o inimigo. De seus resultados não sai um pé de feijão nem uma roça de mandioca, mas o açodamento aos inimigos para a necessária turbulência ideológica dos espíritos na comunhão com a “causa”.

Será que a oposição que prega a transparência não tem contra si um contingente eleitoral não desprezível de um modelo social que sobrevive na opacidade? A oposição não desconfia que se afinal a causa social do PT é um blefe, se na verdade todo esse esforço de agitação e conscientização nada mais é do que a vitrine por onde espertalhões saqueiam a República, o governo não está em assentimento com a banda podre que sempre existiu no país e que é poderosíssima eleitoralmente? Será que compartilham os mesmos sorrisos, os mesmos tapinhas e as mesmas lisuras que concorrem para uma popularidade indisfarçável de seus protagonistas?


Será que a oposição sabe que um partido que elege um presidente, que cria as condições para que nada em sua órbita possa ser responsabilizado devido à sua ignorância funcional, não arregimenta toda a maré negra de corrupção que assola o país?

Mas isso não é tudo: a tática do PT é muito mais visível na contra-marcha do processo de modernização do que no avanço dos seus movimentos sociais mercenários. Refiro-me ao desmonte dos setores de energia e telecomunicações.

Em telecom, a reestatização começa com a NewTelebras. Se tudo der certo, dentro de alguns anos será um MST na banda larga. As barracas e os acampamentos dos novos funcionários da NewTelebras serão feitos dentro do latifúndio das operadoras de telefonia e não faltarão foices e incêndios para demolir a ordem existente com o dumping e a guerra de preços de um governo que não tem a mínima consideração com as práticas da livre concorrência. A fusão OI-BrT já foi um escândalo que a oposição deixou passar sem nem mesmo resmungar escandalizada. O BNDES, banco de investimentos para o desenvolvimento nacional, foi o financiador da fusão OI-BrT, numa clara ilegalidade com os objetivos de um banco de fomento, seguida por outra ilegalidade usada pelo governo para mudar a lei e permitir que a fusão se realizasse, e o fez por decreto.

No setor de energia, a grande transformação ocorreu com o petróleo. A mudança do marco regulatório – do sistema de concessão para o sistema de partilha – foi uma descoberta empírica das mais importantes para o PT, foi como criar um mecanismo de financiamento eleitoreiro que se mantenha na opacidade das cuecas e dos malotes. A Petrobras tem sido a maior financiadora de artistas, intelectuais, atores, cineastas, festas juninas, festivais, encontros literários, carnaval, e muito mais. Sempre foi. Com o novo marco regulatório, a troca do sistema de concessão para o de partilha vai ser o equivalente à criação de uma fábrica de cuecas especialmente preparada para transporte de dinheiro de patrocínios.


Pelo sistema de concessão a empresa exploradora paga desde o primeiro barril extraído. Uma pequena aritmética é suficiente para calcular o quanto o Tesouro embolsaria. Pelo sistema de partilha o dinheiro só vai aparecer depois de descontados todos os custos em barris equivalentes. Aí vai entrar a janela dos patrocínios para o partido no Poder e do eleitoralismo descarado. A diferença entre o PT e os governos anteriores na direção da Petrobras era a ausência de partidarização dos patrocínios. Agora não. O próprio partido controla o caixa (OESP 24/5/2009 pg. A4) e escolhe os beneficiados no exame minucioso da ficha política. Adivinhe em quem votam as pessoas físicas beneficiadas pela Petrobras?

Em poucos poços perfurados não vão faltar verbas para prefeitos fazer festas, e obviamente para os palanques. A oposição faz de conta que não vê, para não abrir uma frente de discussão que se espalhe pelo país no momento mais oportuno: o das eleições. Isto já é um sinal preocupante de que vai ficar acuada e na defensiva.

A diferença entre o PT e os partidos da oposição pode ser medida no comportamento de seus lideres. Quando um governo estadual ou uma prefeitura não petista entrega um conjunto habitacional para os moradores, quem está entregando é sempre o governo e não o partido no Poder. Quando o governo federal entrega uma obra quem o faz não é o governo federal, mas o PT. Isto significa que a função política do neossocialismo petista é a de representar o Estado e não o governo representar o Estado. Muito papel foi gasto para analisar a confusão entre Partido e Estado praticada pelo PT. Insisto que a confusão não só é deliberada, como articulada para que o Partido se prolifere indefinidamente ocupando cada vez mais o Estado para seus fins ideológicos. E, aparelhado pelos recursos do Estado, esteja em condições de mobilizar todas as suas alas “civis” para o enfrentamento caso perca as eleições.

Atemorizada com o crescimento dos índices de intenção de votos da candidata do governo, a oposição não é capaz de perceber que a democracia plena – que nunca existiu no Brasil a menos deste atual arremedo lamentável – mudou de nome e agora se chama subornocracia. A oposição sequer suspeita de que o processo posto em marcha não dependerá mais da falta de recursos. Doravante o processo político passará pela cartilha do chavismo: prefeito que for contra vai para o paredão das calúnias, depois para a intimidação e por fim para o ostracismo político.


Um dos livros mais importantes para se meditar o momento atual – e por isso mesmo totalmente ignorado – foi publicado em 1947 no Brasil e escrito por Arthur KOESTLER anos antes, com o título ‘O Iogue e o Comissário’ (Ed. Instituto Progresso Editorial). Trata-se de um conjunto de ensaios escritos para jornais ingleses e americanos a respeito de suas experiências na Rússia de Stalin. KOESTLER, então um arrependido de seus arroubos juvenis e de seu entusiasmo pelo socialismo soviético, estudou psicologia para tentar desenvolver uma teoria a respeito do apelo emocional do bolchevismo. Para ele era natural que pessoas com interesses econômicos bem assentados na nova ordem se enganassem. Mas, pessoas distantes e sem qualquer vínculo com o movimento comunista, pensarem que Stalin estava fazendo uma “transformação social e humana” na Rússia era algo que não tinha sentido. Ele percebeu (não sei se foi o primeiro, mas certamente um dos primeiros) que a força do comunismo vinha do sequestro da fé e, portanto, era uma ideologia cujo componente emocional se misturava com a redenção, obtida com uma carga emocional panfletária que prometia a salvação, misturando a “inevitabilidade histórica” do Manifesto Comunista com as mais duras críticas contra as desigualdades sociais e os males do capitalismo. Mas para que se assentasse nas consciências era necessária uma propaganda constante para neutralização da crítica contrária.

Um dos meios de neutralizar um país embasbacado com o apelo emocional típico de nossa cultura televisiva e de um povo incapaz de reflexão racional seria a oposição se valer do mesmo emocionalismo e dar o troco na altura — por exemplo, se tivesse convidado Pelé para vice-presidente de José Serra. Em pleno ano de Copa, e com a perspectiva de que o principal foco dos próximos 4 anos seja o envolvimento do Brasil com a Copa do Mundo de 2014, Pelé atrairia para si todas as atenções e simpatias porque sempre foi uma figura com a identidade popular necessária para desmontar a insensatez ideológica, e poderia ocupar um discurso de dissenso em relação à política convencional, animando a população e quebrando a hipótese do continuísmo petista. Mas isso a oposição foi incapaz de fazer, e a escolha de Índio da Costa para vice de Serra significa a prioridade dos acordos partidários sobre o interesse eleitoral mais amplo e necessário: interromper o ciclo petista.


Espero estar redondamente enganado, mas a julgar pela atmosfera política atual, a oposição ainda pensa em seus próprios nomes num país em que a política — não por acaso — foi desmoralizada e por isso caminha célere para a derrota não só neste pleito, mas em todos os seguintes, até que o colapso econômico venha bater na casa do brasileiro com a inflação em alta, como nos velhos tempos do governo Sarney. Aí então a oposição será convidada a arrumar a casa por exaustão de desperdício dos recursos e pela humilhação causada pelos escândalos, e uma nova constituinte se estabelecerá para tratar as feridas da insanidade populista. É o eterno ciclo de um país que não conhece a si mesmo.

Esta não é uma afirmação gratuita. Toda a política petista não passa de uma grande implementação do desperdício, porque baseia suas propostas no emocionalismo dos mitos e não no racionalismo dos resultados. Eles não se dão conta — ou procuram enganar a todos — de que o nosso crescimento econômico na primeira década do século XXI se deve às reformas que foram feitas na década anterior, permitindo ajustes fiscais, e ao fato de estarmos tracionados pela Ásia como produtores de commodities. Portanto, um ciclo econômico que não dependeu do partido no Poder, mas dos alicerces anteriores e da conjuntura internacional favorável, aliada à extraordinária produtividade das novas tecnologias e das conquistas científicas nas áreas de produção brasileira. Não há nada de positivo nisso tudo que provenha do governo. Ao contrário, as propostas petistas que se leem nos sites de apoio ao governo indicam que tudo está sendo feito para mergulharmos em uma crise econômica assim que a demanda chinesa começar a ceder ou que por qualquer razão o ciclo de exportações diminuir. Aí então será mais um longo período de oportunidades perdidas. Mas o PT não ficará só. Ao longo do século XX o Brasil perdeu oportunidades em quase todos os governos. É a nossa sina e deve ser creditada também à estupidez do sistema político. Afinal, o PT vai apenas ficar na história como a continuidade daqueles a quem tanto odiava. Como dizia KOESTLER: “talvez a civilização atual não esteja morrendo, mas tão somente dormindo”. Espero que a brasileira acorde desse pesadelo antes de outubro.