A julgar pela notícia do Estadão de domingo (18/01/2009), a demora na concessão de licenças ambientais para a construção de hidrelétricas pode aumentar em cinco vezes a emissão de CO2 no Brasil. A razão é muito simples: órgãos ambientais costumam crucificar qualquer empresa que se arrisque a pedir uma licença. Sabemos de casos que duram anos e de exigências que nunca se acabam.
Cada hidrelétrica que fica atrasada em seu cronograma, devido a ninhos de passarinhos e quetais, causa um aumento na geração de energia das termoelétricas que são acionadas complementarmente.
Diz o jornal que os cálculos estimam que até 2017 entrarão 20,8 mil megawatts de usinas térmicas, sendo 7,5 mil MW em centrais movidas a óleo da Petrobras, isto é, muito poluentes. Se o crescimento das térmicas ocorrer neste nível, a previsão é de que as emissões de CO2 passem das atuais 14 milhões de toneladas por ano para cerca de 39 milhões em 2017.
Mas "considerando a possibilidade de atraso nas obras de 36 hidrelétricas, as emissões de CO2 poderiam chegar a 75 milhões de toneladas em 2017. Para chegar a este número, o cálculo foi baseado na expectativa de que 14 mil MW sejam substituídos pela energia das térmicas".
Neste meio tempo, a Aneel divulgou dados que comprovam a tendência de expansão das térmicas: "dos 2.158 MW acrescentados ao sistema em 2008, 1.243 MW (57,64%) são gerados por essas usinas".
Enquanto isso, acumulam-se nos gabinetes da Aneel pedidos para instalação de eólicas com potencial 10 vezes maior do que o parque eólico existente. Por que razão andamos em passos de caranguejo em um país cujo vento conhecido tem o dobro da potência dos ventos europeus, e que por isso deveria estar empenhadíssmo no modelo de usinas eólicas no lugar das termoelétricas?
Antes que se responda a esta pergunta, que fica para outro artigo, é público e notório que essa demora é uma evidência cristalina de que os órgãos públicos ambientais são os maiores responsáveis pela degradação do meio-ambiente no Brasil.
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