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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A inocência do PT

Carlos U Pozzobon

Depois de todas as evidências e condenações, ainda resta saber por que o PT insiste em defender seus militantes. Não creio que seja difícil descobrir as motivações que os levam em direção contrária ao comportamento dos outros partidos também réus do mensalão.

Quando o governador Roberto Arruda foi denunciado, e, tempos depois, o senador Demósthenes Torres, a direção nacional do DEM, seu partido, expulsou-os sumariamente, ainda antes da formalização de um processo de culpa, baseado apenas nas denúncias apontadas. No caso do DEM, verificamos que a moral não pertence ao partido, mas aos seus membros. Se um militante sai dos trilhos, é abandonado e colocado para fora. Não no caso do PT, para quem a moral individual inexiste, somente a moral social. A moral social implica em entender a sociedade capitalista como um mal em si, que deve ser destruída pela ação partidária, justificando todos os excessos que não se limitam ao desvio de dinheiro público, mas até mesmo de atos repulsivos, como o assassinato de companheiros que não se subordinam às instruções do partido, como foi o caso de Celso Daniel.

A moral é a do partido e, portanto, se os seus membros cometeram delitos e o partido os nega, todos os seus militantes passam a negar, mesmo quando condenados pela mais alta Corte da Justiça, à qual veem como um ‘tribunal de exceção’.

Por que isso? Qual a causa motora de semelhante comportamento? Creio que se encontra nos fundamentos da doutrina petista. Entendendo a sociedade como MORALMENTE INJUSTA, os petistas têm uma visão revolucionária de justiça, aquela que postula a tomada do poder para atingir outra sociedade, valendo nesta transição todos os jogos inescrupulosos para acumulação de poder. Para transformar a sociedade, é preciso usar seus instrumentos e, para isso, estabelecem um discurso de suposta sujeição às regras do jogo, que na verdade serve para mascarar um segundo discurso de subversão a essas regras, para fins particulares e internos. São assim postulantes da democracia por conveniência e se destacam dos demais atores da cena política, que são democratas por convicção. Essa diferença de atitude é revelada pela proteção aos "infiéis". Para um democrata por convicção, um delito é sempre algo individualizado. Para um democrata por conveniência, um delito só existe fora do seu núcleo de vanguarda, para atender aos interesses do partido, mesmo que alguns membros tenham ficado ricos. Ele só passa a indivíduo quando trai o partido. E nesse caso...

A defesa dos mensaleiros feita por setores até mesmo simpatizantes do PT (para não falar da cúpula não envolvida no processo) tem assim a premissa da defesa de uma sociedade imaginária, onde a retidão moral seja obrigatória, e onde os seres humanos não cometeriam delitos de corrupção porque não haveria sequer a propriedade para conspurcar esse ideal.

Isso explica a coerência interna do partido. Afinal, se o PT defende um regime homicida como o de Fidel Castro, cuja nomenclatura se apropriou de toda a ilha, por que não haveria de defender seus membros envolvidos em delitos de desvio de dinheiro para fins partidários? Comparado com os crimes cometidos por dirigentes internacionais que o PT apoia, o mensalão é mesmo uma coisa muito pequena.

Mas se o que está em julgamento é o mensalão pelo STF, o que a sociedade precisa entender é que assim como eles se eximem de qualquer culpa moral pelos delitos que praticam, merecem serem banidos da vida política da nação com a mesma generalidade, isto é, de amoralidade inaceitável para o jogo democrático e banimento perpétuo de todo o partido e de seus membros, tal como costumam fazer com seus adversários quando tomam o poder. A democracia é um regime que está sob constante ataque, por isso precisamos aprender a depurá-la de seus inimigos. Ela só existe verdadeiramente na CONDUTA, e aqueles que, em partido constituído, não se inserem em sua égide, devem ser banidos da vida pública. Espero que o processo do mensalão seja o estopim para um avanço institucional no sentido de não permitir partidos políticos que não tenham o perfil adequado ao debate democrático, já comprovado pela PROCLAMADA cumplicidade nos delitos de seus dirigentes.